18 dezembro 2006

nada como investir seus trocados no promissor mercado de ações. se tudo der certo, daqui a alguns anos meus 200 investidos há 3 meses serão equivalentes a, pelo menos, um apartamento três quartos. por isso eu devo rezar todo dia para que os irresponsáveis e populistas presidentes socialistas da américa do sul não nacionalizem suas reservas de gás natural e petróleo.

não é esse o espírito? o sério é que a cbn é a maior entusiasta desse novo modo de fazer negócios. em um sábado à tarde escutei nesta emissora, durante mais de uma hora, um debate informal entre três "especialistas" que pesavam os prós e os contras de dois tipos de investimento, ambos em alta nos últimos anos: o mercado de ações e a pizzaria com o cunhado. foi esclarecedor!

08 dezembro 2006

Mais sério que a sensualidade sincera das sereias serenas?

30 novembro 2006

ela apareceu dez anos depois e tinha a cara da patti smith. parecia uma hippie fedorenta e queria me dizer que eu tomei no cu por causa dela no passado.

acordei sufocado e perdi o resto do pouco sono que tinha conseguido juntar naquela noite.

29 novembro 2006

depois da grande festa ele se entregou ao sacrifício. mas não foi sem revolta que o líder acatou a oferenda.

ele chorou enquanto davam o último nó na corda que prendia seu punho, mas era tarde. admitiu todos os pecados, suas luxúrias e manias de grandeza. queria ser completo, queria ser um deus.

morreu ardendo na fogueira. naquele domingo. naquele novembro.

25 novembro 2006

devo confessar que cantar Última Canção, do ícone Paulo Sérgio, no videokê classe de um botequim da Ilha de Monte Belo foi um dos pontos altos da minha existência. Apesar do microfone desligado nos três primeiros versos, a performance contagiou a ligeiramente bêbada platéia. Os aplausos foram importantes para superar um trauma antigo que eu tinha desta máquina maldita!

putaquepariu! essa música merece.

Esta é a última canção que eu faço pra você
já cansei de viver iludido só pensando em você
se amanhã você me encontrar
de braços dados com outro alguém
faça de conta
que pra você não sou ninguém
mas você deve sempre lembrar que já me fez chorar
e que a chance que você perdeu nunca mais vou lhe dar
e as canções tão lindas de amor
que eu fiz ao luar para você
confesso
iguais àquelas não mais ouvirá
e amanhã sei que esta canção você ouvirá no rádio a tocar
lembrará que seu orgulho maldito já me fez chorar por muito lhe amar
peço não chore
mas sinta por dentro a dor do amor
e então você verá o valor que tem o amor
e muito vai chorar ao lembrar do que passou

#1 Eduardim comentando a curta duração de um dos melhores álbuns da história: "Caetano teve ejaculação precoce quando fez esse Transa!". Essa eu queria ter dito!

08 novembro 2006

Ando me equilibrando entre o bom senso cristão e a satisfação. Andam por aí cantando em corredores notas contra mim. Andam, o bom senso e o prazer, em direções opostas. Breve irão se chocar na curva das sensações.

Nota que eu ando em linha torta sem razão pra mentir. Vê que eu ando me dizendo pra cortar em pedaços a razão de sofrer.

(Com facão bem amolado de assustar cidadão no meio do mato!)

04 novembro 2006

quando pensei em você pela primeira vez eu estava no banheiro. me escorava nos azulejos brancos, pisava a água suja empoçada, sentia o fedor insuportável enquanto ouvia o jorro amarelo bater com raiva nas latas de cerveja jogadas dentro do vaso. ali você era a mais suja de todas e eu vomitei.

então me dei conta de que além de suja você só dizia a verdade e decidi não escutar mais. me escondi no interior dos problemas, fiz questão de não dar nenhuma resposta clara e elaborei perguntas difíceis. você se safou argumentando sobre meu egoísmo.

no terceiro ato deste drama no qual nos inscrevemos como protagonistas, você se lançou numa cruzada contra a verdade. recluso, decidi não contestar e de longe mirei seus passos decididos pela vingança.

foi embora o tempo em que nos abraçávamos nos telhados, quando a solidão era um medo distante e sabíamos exatamente o que dizer nos momentos em que palavras não eram necessárias.

22 outubro 2006

você virou sobre a mesa as cartas e elas disseram que eu só te faço mal. depois me deixou com as mentiras e saiu pelos bares carregando a cruz da vingança.

05 outubro 2006

"Usar marcas globais e suas estratégias para posicionamentos contra-econômicos". Esta é a ideologia dominante no grupo dinarmaquês Superflex. Eles decidiram aplicar em produtos analógicos, bebidas, por exemplo, o conceito e as práticas da cultura livre e de "alguns direitos reservados", pensamento originado da licença Creative Commons.

O Superflex primeiro criou uma cerveja liberada para cópia, embalagem e reprodução, agora foi mais longe e junto com produtores de guaraná da floresta amazônica produziu e lançou o Guaraná Power. Eles reclamam o uso das características genuínas da semente de guaraná, isto é, como um tônico natural e não apenas como um símbolo publicitário. Como forma de ativismo político anti-corporação reuniram os produtores da região para pensar em formas de combater o monopólio da fabricação de refrigerante derivado da semente. O fato de os produtores venderem as sementes apenas para uma empresa fez os preços da matéria-prima despencarem de 25 dólares para 4 dólares em quatro anos.

O Superflex acabou usando o Guaraná Power como obra de arte, inscrevendo o projeto em diversas bienais internacionais. Na Bienal de Arte de São Paulo o trabalho foi recusado pela Fundaçaõ Bienal após ser selecionado pelos curadores. A direção acatou um posicionamento do departamento jurídico da entidade, desconfiada e receosa de futuros problemas na justiça acarretados pelo uso da marca guaraná. Agora o grupo lançou um manifesto disponível na página do Guaraná Power.

Sítio do Superflex.
Sítio do Guaraná Power.

04 outubro 2006

se não mantenho nem aquela baixa média de atualizações é porque a vida anda me puxando para outros cantos e exigindo posturas "profissionais", nem por isso entediantes. hoje mesmo conheci Capuaba, em Vila Velha, e até entrevistei um secretário do governo estadual pelo telefone!

adrenalina!

01 outubro 2006

metalinguagem

Em A insustentável leveza do ser, Milan Kundera escreve:

"(...)Como já disse, os personagens não nascem de um corpo materno como os seres vivos, mas de uma situação, uma frase, uma metáfora que contém em embrião uma possibilidade huamana fundamental que o autor imagina não ter sido ainda descoberta ou sobre a qual nada de essencial ainda foi dito.

Mas não se costuma dizer que o autor só pode falar de si mesmo?

Olhar o pátio, impotente, e não conseguir tomar uma decisão; ouvir o ruído obstinado do próprio ventre num momento de exaltação amorosa; trair e não saber parar na estrada tão bela das traições; erguer o punho no desfile da Grande Marcha; demonstrar humor diante dos microfones escondidos pela polícia: conheci e eu mesmo vivi todas essas situações; de nenhuma delas, no entanto, saiu o personagem que eu mesmo sou no meu curriculum vitae. Os personagens de meu romance são minhas próprias possibilidades que não foram realizadas. (...) O romace não é uma confissão do autor, mas uma exploração do que é a vida humana na armadilha que se tornou o mundo."

13 setembro 2006

ouvi dizer que no dia 15 de setembro, próxima sexta-feira, pela manhã, tem Trasversal e Rodrigo, Gustavo e Marcelo na Sinergia, Mostra de Audiovisual da UVV. Um dia antes acontece a última exibição pública (até que se prove o contrário!) do Não é só uma Passagem.

Ninguém sabe direito a lista de todos os vídeos selecionados, nem os diretores (eu, no caso) foram avisados. Isto porque a produção é falha, ao contrário do REC, da concorrente Faesa, impecavelmente organizado.

#1 E a Transborda? Eu, sinceramente, não entendi a aplicação de tão amplo conceito num festival. Alguém me explica como vai ser a seleção, por favor!

#2 Eu conheço um filme com borda de catupiry! Delícia!

#3 Qual a influência do Guy nestas coisas de borda? piada infame!

05 setembro 2006

tudo bem, eu nunca fui a Parati. cheguei a me inscrever para a oficina de jornalismo literário, mas minha viagem foi abortada. que era um festa esnobe eu já imaginava e amigos que foram reafirmaram. o marcelo mirisola, que eu não sei direito quem é, mas cujo nome eu já tinha ouvido em alguma conversa com a mara coradello, também foi à flip e, sarcasticamente, detonou o evento. enviado pelo zero hora para cobrir a "festa pobre", seu texto acabou rejeitado e, posteriormente, postado neste blog bem legal do mário bortolotto. transcrevo um pedacinho:

"Agora estou aqui nessa cidadezinha de merda,cercado por chiliques nacionais e internacionais,pela paisagem sonífera que encantou Debret,e pedras a judiar dos meus ligamentos;ladeado por escritores "engajados"... (me pergunto: "engajados no quê? Na chatice?") e - evidentemente - atrás de uma maria-rodapé pra comer acompanhada com feijão grosso e costelinha de porco." (tudo)

01 setembro 2006

cybershots

a câmera cybershot e a cultura videográfica. youtube por amostragem!

#1 Hello Kitty numa roda de capoeira: "samba hello kitty!" é intervenção urbana da mais pura linhagem: instantânea, surreal e divertida! site relacionado: culundriarmada.

p.s.: garimpagem do erly!

#2 Compre na Mercearia da Esquina inaugurou um gênero: pobre porco e morte ao porco.
há muito tempo não acontecia. alguns anos atrás, quando a mãe ainda servia seu prato no almoço, era comum deixar a mesa de repente e correr para a frente de casa. ficava ali, porta aberta, parado embaixo do alizar, a varanda à sua frente, do outro lado da grade a rua. e chegava a tempo de vê-la subir pela calçada oposta: os dedos da mão esquerda firmes entre os nós do pano de cozinha branco, o cabelo negro e solto, o quadril alternando como um pêndulo, o mesmo movimento que ele buscaria nas mulheres de todas as outras ruas das cidades pelas quais passou.

ela subia levando aqueles dois pratos de porcelana branca envoltos em pano branco e vestia sempre preto, saia e blusa. o marido, o irmão, o pai, o filho. alguém a esperava subir ladeira tão íngreme, uma destas figuras masculinas que, é certo, teriam a impaciência agravada pela fome. um homem que merecia dedicação de mulher, irmã, filha, mãe.

estático, ele esquecia de comer. vinham da mesa da sala de jantar os gritos pacientes da mãe e, ante o primeiro ruído de arrasto no assoalho da cadeira de cabeçeira do pai, respondia que estava voltando. teria ainda alguns segundos até que a perdesse de vista. na porta, na hora do almoço de todos os dias úteis, ele não queria mais a ordem da casa.

agora ele lembra. agora que é escravo de uma janela por onde vê passar o mesmo balanço em mulher outra. para alcançá-la será preciso arredar os móveis, remover os vasos de flores que tomam o sol da manhã na janela, pegar algum impulso e cair tropeçando naquele sapo de jardim.

30 agosto 2006

intromissão

Um artigo para o Século Diário.

Da Sedução ao Caos.

Há algum tempo, sem pressa, venho lendo A Sedução do Lugar, de Joseph Rykwert, um apanhado de dados históricos e conceituais sobre A história e o futuro da cidade, como indica seu subtítulo. (continua)

23 agosto 2006

o que ficou foi um sorriso debaixo da luz amarela do saguão do cinema. o filme passou como se eu já o tivesse visto e o ineditismo ficou por conta da sua presença, marcada em minha memória com a riqueza de detalhes de um close up. revisitei sua imagem em flashbacks durante as duas arrastadas horas de projeção e cada fotograma descrevia seus movimentos desde o sorriso até o momento em que você tomou seu lugar na sala já escura.

fiquei procurando sua silhueta e tudo o que vi foram malditas cabeças femininas apoiadas em ombros inconvenientes nesta sessão água com açúcar. fiquei sentado enquanto acendiam as luzes. os créditos ainda escalavam a tela até sumirem no carpete escuro quando você se levantou. imaginei você desenhada em gestos e cores numa sequência de Wong Kar Wai, passando por mim displicente, de vestido listrado e luvas negras. então notei que a sessão que exibiu seu sorriso havia acabado e eu veria em todos os filmes que assistisse de hoje em diante as duas cenas que montei com você.

20 agosto 2006

Depois de vencer no 12º Vitória Cine Video, prêmio do júri popular, e no Festival Internacional de Curtas de BH deste ano, melhor curta brasileiro - prêmio da crítica e melhor ator brasileiro, No Princípio era o Verbo, ficção em 35mm de Virgínia Jorge, conquistou três kikitos no Festival de Gramado. O curta foi premiado nas categorias Prêmio Especial do Júri, Melhor Roteiro e Prêmio Canal Brasil.

Vejo que meu candidato no útlimo VCV honrou seus compromissos de campanha. Despretensioso e singelo, o curta vai na contramão do cinema feito aqui (Espírito Santo, Brasil).

Fazendo as contas, No Princípio era o Verbo está entre os mais premiados curtas capixabas de todos os tempos. Baseado em Histórias Reais (2002), de Gustavo Moraes, com 12 prêmios, Portinholas (2003), do Projeto Animação, com 7, Macabéia (2000), de Erly Vieira Jr., Lizandro Nunes e Virgínia Jorge, com 6, e Graúna Barroca (1990), vídeo-arte de Ronaldo Barbosa, também com 6, completam o top cinco dos filmes mais premiados deste Espírito Santo.

17 agosto 2006

Depois de fundarmos (nós, sujeito oculto de quatro amigos bêbados) a Tentilhão Produções, passamos à criação de uma identidade visual para esta sanguinolenta produtora.

Sanguinolenta porque inspirada no mais cruel dos animais destas e daquelas paragens, o Tentilhão Vampiro. Ele que desde épocas darwinianas habita as Ilhas Galápagos se alimentando do sangue de pelicanos indefesos é o responsável por importantes descobertas científicas, já que graças a seus pares foi possível traçar a linha evolutiva das espécies que habitam este planeta, além de ter ajudado a alimentar teorias sociais fajutas, como o darwinismo social.

Buscando aqui e ali um designer de traços arrojados e consciência social aguçada, nos deparamos com a obra inquietante de Julio Cezar, 13 anos, habitante da Praia da Costa, fã de tudo que é japonês e irmão do Rodrigo Melo. Talento em progresso do audiovisual capixaba, em plena adolescência já possui um dos currículos fílmicos mais extensos da margem direita do valão de Vila Velha, com nada menos do que 60 animações. A violência é tema recorrente em sua obra. Doidera e Stealth Kill, dois de seus trabalhos mais recentes, estão disponíveis na grande rede. Em Stealth Kill o diretor abusa do uso das cores em cenários bem trabalhados e se esmera na construção psicológica dos personagens, enquanto em Doidera experimenta os movimentos de câmera em animações 2D e elabora um roteiro repleto de reviravoltas.

Impressionados com a força destas imagens, tomamos imediatamente todas as providências para a contratação deste jovem cineasta e confiamos a ele a responsabilidade pela criação da logomarca da Tentilhão. A negociação, mediada pelo seu irmão e empresário, durou cerca de 5 minutos e terminou com a promessa de um adiantamento de duas bolas sabor morango. Além disso, traçamos via msn o futuro cinematográfico de Julio Cezar e vislumbramos seu sucesso em festivais.

14 agosto 2006

Reta

Casa. Caminho. Objeto de estudo. Trabalho. Uma avenida e seus desdobramentos. Vida. Espaço. Algumas lembranças, modos de olhar e projeções para um futuro não muito distante.

Transversal. Doc. 13 min. dia 17. próxima quinta-feira. 19h. REC. Faesa.

Documentário que ganhou alma na ilha de edição, apesar do pouco tempo e do pouco espaço no hd para editarmos.

(#1) Ainda tem Rodrigo, Gustavo e Marcelo, Não é só uma passagem e O Beijo de Amanda, na quarta-feira.

28 julho 2006

Desde o advento da música pop, numa freqüência que cresce em progressão geométrica, os ingleses se divertem lançando discos destinados a movimentar o mais frio roqueiro do ocidente. Deve ser por isso que eu escuto Lilly Allen pulando pela casa, com um sorriso de quem se diverte ouvindo as histórias ocas de uma adolescente igual a tantas por aí. O irmão mais novo fumando no quarto e as baladas nos clubes vêm embrulhados em batidas empolgantes e samples bem montados. Citações de bossa nova, dance e reggae se encaixam em bases brincalhonas e dão forma à voz da menina.

Pulo e me sinto estranhamente próximo de britney spears, beyoncé e tantas outras. Ah, o mundo da música pop dá voltas!

24 julho 2006

tenho tentado não encontrar entrelinhas numa pequena tragédia acontecida semana passada no meu quarto. minha mãe não pode saber, mas a miniatura de jornalista que foi presente dela no dia da colação de grau teve seu impassível papel de enfeite de prateleira seriamente abalado. henry miller, truman capote, joseph mitchell, beatriz sarlo e italo calvino acharam por bem empurrar dali do alto o deslocado senhor de câmera fotográfica a tira-colo, que terminou tendo a cabeça decepada na queda.

ainda não fiz nenhum esforço para colocar a cabeça no lugar. a dele e a minha.

19 julho 2006

dedicatória

se naquela noite, você, ao invés de negar insistentemente, apenas me beijasse, estaríamos agora assistindo filme juntos. os pés debaixo da coberta. e eu teria te poupado todo o sofrimento da morte e a angústia da vida. seríamos ainda os mesmos, que bebiam cerveja toda noite depois do expediente e faziam o trajeto de volta para casa se espremendo nos muros. você ainda subiria no meio fio para me beijar e eu pronunciaria seu nome em tom de orgasmo.

se, nos dias que se seguiram, eu deixasse meu orgulho de lado, você moraria comigo, teria um filho meu e me pouparia a energia gasta em escrever algumas linhas lamentando a mediocridade do meu cotidiano sem você.

14 julho 2006

Patrícios

Leiam o que a al jazeera, o canal de tv, diz sobre os ataques de Israel ao Líbano.

Para entender o ponto de vista dos oprimidos, visitem o al jazira, em jucutuquara, o único bar, eu disse bar, árabe de vitória e conversem com o Said Ghraize.
aqui, de onde escrevo, não importa quantas vezes se chegue, as pessoas não lembrarão de você na próxima visita. e, porque não te conhecem, receberá o tratamento oferecido aos forasteiros. o olhar inquisidor, a desconfiança, o comentário malicioso.

daqui só é possível sair uma vez na vida, num dia ou noite em que se descobre o mundo e a inquietação se torna tão grande que é possível romper as amarras, dar adeus à mãe, deixar os amigos e aprender a contar até o infinito.

e por mais que se afaste, o fantasma deste lugar continua vagando e você vai pensar em voltar algumas vezes.

10 julho 2006

Havia em Jardim da Penha, na Rua Eugenílio Ramos, um restaurante numa casa de pedra chamado Azzurra. Mudaram o nome do lugar há uns poucos meses, talvez quatro. Ficou sendo Bola Brasil. É verdade que eu nunca vi movimento ali, sempre que passava na porta estava vazio. Agora me pego tentando explicar a mudança de nome. Talvez sobre o dono, um italiano, óbvio, tenha caído a saudosa lembrança de sua terra e o desejo silencioso, porém implacável, de pisar novamente o chão que ele só aprendeu a amar quando estava distante, denominador comum de todos os imigrantes. Mudando o dono, muda-se o nome. Também pode, o dono, seja ele brasileiro, italiano ou chinês, ter deixado de lado as belas massas em prol de uma cozinha genuinamente brasileira.

Admitiria estas hipóteses se não estivéssemos em meados de 2006. É certo que mudaram o nome para atrair, em tempos de copa do mundo, a fatia dos clientes patriotas, que alguma pesquisa de mercado esperta soube identificar. Além disso, a seleção italiana não ganhava uma copa há 24 anos! Uma péssima estratégia de marketing seria deixar com este nome um restaurante que, pretendia-se, de sucesso.

Mas, vieram os jogos e não os clientes. O título foi para a Azzurra. E bola e Brasil se mostraram uma péssima combinação.

06 julho 2006

Não pense que eu sou ruim. Quando me disseram que conhecemos as pessoas certas nas horas erradas você não foi o primeiro nome que me ocorreu. Sempre acreditei que você era a garota errada numa oportunidade horrorosa. Mas subtraindo meu orgulho, acho melhor confessar que eu nunca vou esquecer seu nariz. Se me interessei por você naquela noite do dezembro mais quente que eu já vivi, ele foi o grande culpado. Depois vieram seu sorriso e o sobrenome árabe, mas bastava o nariz grande!

Insisto. Aqueles não eram os melhores dias da minha vida, o extremo oposto, porém. Tive que escolher entre você e minhas amídalas, as quais, com a obstinação que me faltava para dizer que te amava, me sufocavam dia e noite. Sobrava um resto de voz insuficiente para sugerir a você que esperasse eu me curar.

Agora, lamento que este romance laringo-nasal tenha terminado tão sem mágoas ou justificativas. Sem gritos histéricos nem olhos e narizes escorrendo lembranças e tristeza.

04 julho 2006

1º Contravenção – Mostra de Vídeos na Contramão e de Invenção

(#1) release que eu e Kênia Alice fizemos em menos de 2h, pelo msn. O nome da mostra eu inventei!

Nesta quarta-feira, os estudantes de Comunicação Social da Ufes realizam a Contravenção – Mostra de Vídeos na Contramão e de Invenção, a primeira mostra de vídeos produzidos por alunos de jornalismo e publicidade da universidade federal. Os vídeos serão exibidos a partir das 20h, no pátio do Cemuni 5 no Centro de Artes.

Com um ideal festivo, sem premiação, mas com música, cerveja gelada e vinho de garrafão a noite inteira, a 1º Contravenção tem o objetivo de tirar dos arquivos empoeirados os vídeos fresquinhos produzidos nas disciplinas do curso de Comunicação e em oficinas de animação e vídeo oferecidas pelo Centro Acadêmico desde 2003 além das fitas independentes feitas pelos estudantes.

Sem um canal universitário para a veiculação deste material, os estudantes pretendem formar um circuito alternativo de exibição, autônomo e temporário, uma rede sem hierarquia e sem censura, mas com um alvo bem definido: divulgar o que se inventa na universidade (ou apesar dela). Até agora são 15 vídeos inscritos, mas todos estão convidado, podem levar seu dvd ou vhs que serão exibidos na hora.

A 1º Contravenção é organizada pelo Centro Acadêmico de Comunicação Social da Ufes e tem o apoio do Departamento de Comunicação Social.

03 julho 2006

o hexa

depois da copa do mundo pífia e do jogo desastroso de sábado, ontem veio ferreira gullar, em sua crônica na ilustrada da folha, dizer que futebol não é arte, mas jogo. nosso poeta endossa o pragmatismo de parreira, que esteve certo ao querer ganhar apesar do modo de jogar. e acabo de ouvir no jornal hoje o quebrador de recordes cafu declarar que nem sempre o melhor vence.

chega a ser divertido o modo como a globo, em seu noticiário esportivo, desde domingo, crucifica os jogadores mais antigos, os homens de confiança do técnico. cafu e roberto carlos, os acusados pelo gol da frança, sairão no lucro se sobreviverem após o massacre. aliás, sobrevida os dois tiveram na seleção, roberto carlos falha e não cruza uma bola na área adversária desde 1998.

até kaká e adriano estão no rol dos piores da copa. liderada, claro por parreira e sua reação tardia ao futebol medíocre da seleção.

(#1) sábado, enquanto os jogadores brasileiros murmuravam o hino nacional, a escelsa fazia um grande esforço para poupar os torcedores da região norte de Vitória de mais uma traumática partida contra a frança. em jardim da penha faltou luz durante quase todo o primeiro tempo. infelizmente, conseguimos a casa de um colega com luz, dois prédios à frente, na mesma rua, e pudemos fazer parte da corrente pra frente.

(#2) em 1998, assisti a quase todos os jogos com a minha mãe. quase. justamente na final eu fui para um sítio com amigos. lembro de, ao voltar pra casa à noite, passar por ruas desertas. um silêncio angustiante na cidade inteira. minha mãe me culpa até hoje pela derrota do brasil.

22 junho 2006

quer almoçar comigo amanhã? preciso contar o que eu sinto quando saio sem você e no que estou pensando quando olho sem piedade para todas as mulheres que cruzam o meu caminho. entenda, de você eu não espero mais do que estar ao meu lado até o fim. acordarmos todos os dias juntos. você ignorar insistentemente as minhas tentativas de arrancar da sua boca qualquer frase que revele a posição que ocupo numa hipotética escala de grandes amores da sua vida. mas sei que você é incapaz de dedicar seu corpo só a mim.

invejo seu cinismo. o modo prolixo como nega sua dependência e reafirma com a ladainha das seis horas seu credo inabalável no amor livre. nesta altura da vida o que me faltava eram ideais libertários! saiba, eu prefiro a caretice das declarações de amor, as mãos dadas, o presente no dia dos namorados.

e saio me desculpando pela ingenuidade descrita sem vergonha nesta folha branca, enquanto ouço aquela fita k7 que você gravou pra mim quando ainda não estavam domesticados os gravadores de cd e acabáramos de fazer a primeira comunhão.

12 junho 2006

agora, dono da sua confissão, serei o mais cruel dos carrascos. ao mesmo tempo frio e carente, desejarei ouvi-la todas as noites e saberei usa-la contra você no momento certo. porém, serei estéril sem sua voz respirando ofegante nos meus ouvidos. desistirei da minha importância tão logo você mude de idéia e recuse seu (não-)lugar de leitora confessa do que eu escrevo.

(#1) compre na mercearia da esquina foi elevado à condição de invejada produção artística por um proeminente diretor espírito-santense.

(#2) quero viver em um lugar onde as árvores sejam maiores que as casas.

30 maio 2006

o artista. enquanto devora seu yakisoba ele regurgita frases ensaiadas, ouvidas antes pelos seus amigos em conversas de mesa de bar. se não tem amigos, o que é possível, ensaiou em voz alta debruçado na ilha de edição. a falação se encadeia tão bem, cada palavra em seu devido lugar, nem parece que discursa quem se irritou cinco minutos antes e foi servir seu prato deixando no ar a dúvida do seu retorno. enquanto fala insiste em não olhar quem pergunta, mira o movimento que passa pela porta de vidro do restaurante japonês.

do pedestal erguido para a campanha de sua auto-promoção, ele atribui muito valor ao que fala. sugere uma, duas, três pautas para serem fiéis à complexidade de suas colocações. completa a série revelando sua cruzada solitária contra os costumes limpos da classe dominante. porque artista de fato critica, radicaliza, incomoda e, sempre, é perseguido sem direito a defesa.

e o chilique, claro. a defesa natural quando estão se aproximando do cerne da questão. o desfecho óbvio, como num roteiro construído sem surpresas.

16 maio 2006

Compre no CCBB

Por mais que os diretores insistam em negar sua pretensão videográfica, Compre na Mercearia da Esquina teima em ser selecionado para os festivais nacionais. Hoje saiu a lista da Mostra Competitiva do 11º Festival Brasileiro de Cinema Universitário, que acontece no início de junho (03 a 11) no Centro Cultural do Banco do Brasil e no Centro Cultural dos Correios.

Dos 226 inscritos, 54 entraram na competição! Em breve, mais detalhes.

08 maio 2006

O Carapuceiro é o blog do xico sá, o das melhores colunas de futebol, às sextas na folha de são paulo. também o da última página da Bravo! (ainda é? eu parei de ler porque a revista, puxa vida, ficou uma merda muito cara!).

29 abril 2006

pixcodelics

argumento de desenho animado da televisão por assinatura no sexto ano do século XXI: vilão sedento por dominar a humanidade distribui para adolescentes mp3 player hipnótico. Grupo de amigos deve evitar o domínio das mentes pelo mal, uma de suas armas é o joystick cinético.

Em comparação com os desenhos do século passado só uma coisa não muda, no final o bem ainda vence.

Matéria do Uol.
Site do desenho.

25 abril 2006

Assistiram à rodada do Campeonato Brasileiro no final de semana? Eu vi o segundo tempo de Ponte Preta e Vasco e foi o primeiro contato com o novo layout das partidas de futebol da Globo.

Prefiro o antigo, que ocupava menos espaço na tela, era claro e bastante visível. No novo modelo, o nome dos times e o tempo cronometrado ocupam um espaço enorme da parte superior esquerda da tela. Além disso, um gol é motivo para que apareça na parte inferior esquerda o nome do jogador que marcou e ainda escrevam, por cima do nome, a palavra GOOOL, com alguns "os" a mais. É redundante! Precisa escrever? Não bastam a imagem e a narração?

Depois de uma boa fase de inovações na transmissão de partidas de futebol trazendo para a televisão aberta cacoetes de videogame, como o círculo que determina o posicionamento correto da barreira e a seta que mede a distância da bola parada até a meta, a Globo dá um passo em falso justamente no quesito no qual teria tudo para ser bem sucedida.

20 abril 2006

gente, ele tem um blog

tudo bem que ele fique com garotas por aí. ou que ele seja editor e eu nem jornalista ainda. acho que perdoaria até se ele fizesse um vídeo com outro qualquer. mas ele fez um blog e nem me falou nada! me deixou saber pela boca do orkut!

Pronto-Parágrafo

agora ele vai entender o que é ter os comments zoados!
Andei a tarde toda pelas ruas asfaltadas do meu bairro juntando galhos secos de árvores escassas. Arranquei duas ou três folhas do mês de dezembro da minha agenda. Pedi emprestado ao porteiro do prédio seu isqueiro bic amarelo. Abri a porta do meu guarda-roupa e escolhi a blusa de malha branca com estampa do Belle and Sebastian. Aquela que você usava para dormir quando já era tarde demais para ir embora. Depois de jogar da varanda as cinzas do que me lembrava você, decidi que era hora de apagar minha memória.

19 abril 2006

sangue

Mustangue Cor de Sangue faz revival no bar mais underground de Vitória! Música brasileira, preferencialmente!
foi tão logo você me deixou. saí procurando o que abraçar. pensei há quanto tempo eu só sentia o gosto da sua pele e só sabia da textura engraçada do seu cabelo. meus braços cruzados tinham a forma do seu corpo, nada mais se encaixava. pensei em todos os xingamentos da língua e queria que estivesse ao meu lado para não precisar recitá-los em voz alta no meio da rua. eu nunca falei palavrões pra você.

também não conjuguei o verbo amar. mas isso não demorou você percebeu. tanto que foi embora. sei que espera que eu esteja no mesmo lugar, com o mesmo vento sul levantando meu cabelo, quando você chegar. e eu vou estar. a vida foi suspensa quando seu ônibus partiu. confesso que procurei um lenço para balançar, um chápeu de feltro cinza para acenar, mas você não olhou pela janela. gosto de imaginar que o ônibus quebrou na estrada e você ainda não chegou ao seu destino. é por isso que demora tanto a voltar.

14 abril 2006

hoje mais um prédio da minha rua ganhou cerca elétrica.

28 março 2006

não saberia ter prazer com outro. ela me disse, ainda ofegante, enquanto me apertava forte. na hora eu duvidei, preocupado. deitei ao seu lado e disse que não podia ser verdade e se fosse verdade não era boa coisa. eu não podia retribuir tamanha fidelidade, na verdade eu queria comer todas as mulheres que eu conhecia, a maioria das amigas dela até. mas isso eu não poderia dizer e falei que eu não iria ser o único homem na vida dela ainda que quisesse. e a partir daí ela se dedicou de modo inacreditável para que a minha mais sincera sugestão se tornasse certeza.

e nem as amigas dela. nem a terapia que venho sofrendo há meses. nem estes comprimidos azuis que me custam dinheiro e vergonha. nada me desperta do eterno sono no qual ela me enclausurou.

14 março 2006

hoje eu ouvi maria bethânia cantando teresinha, do chico. me lembrei de quando você cantou esta mesma música para mim, no ouvido, depois de duas cervejas sentados naquele bar. talvez este tenha sido o grande momento da minha vida no quesito declarações de amor, pelo menos eu pensei assim. naquela noite chuvosa entendi que eu era o terceiro e tinha chegado do nada, havia me deitado na sua cama e me instalado como um posseiro.

eu continuo sendo o terceiro, mas não o último. você encontrou o quarto, e nem o compositor havia pensando nesta hipótese. espero que a história seja um círculo e ele, o primeiro, levando para você um bicho de pelúcia. logo virá o segundo e te chamará de perdida. só aí, no final do ciclo, você se lembrará de mim e eu não te pedirei nada.

08 março 2006

Deixa tocar, ela dizia enquanto o telefone soava estridente. Sem culpa ignorava a campainha incansável e pedia que a abraçasse. E eu rangia os dentes ouvindo o toque repetitivo ressoar da sala até o oco da minha cabeça.

Agora, incansável, ligo todas as noites. E imagino o eco do telefone chamando pela sala vazia da casa dela e indo até o quarto onde ela sussurra as palavras que definem meu futuro no ouvido de outro.

Ainda me dói a cabeça a repetição exaustiva do toque do aparelho. (Onde eu deixei minha dentadura?)

05 março 2006

a vida nublada. horizonte totalmente encoberto e trilha feita de barro da chuva que passou. sem enxergar não posso dar um passo à frente sequer. ainda não comecei a afundar. e é pior ter que se manter de pé e caminhando, quando seria fácil se esconder sob a terra. e lá não pensar na segurança do próximo passo, no calor de um colo ofegante, no sabor da fumaça no prato. queria poder fazer o caminho de volta, repetir todo o percurso atravessado e retornar à primeira hora do que agora me estremece. e isto seria menos amedrontador do que seguir em frente.

alguns, como peregrinos cientes do seu destino, seguem em frente apesar das dúvidas. e mesmo que peguem atalhos ainda assim continuam, enquanto eu aqui parado acredito que a única saída é pensar em como as coisas foram boas por algum tempo.

04 fevereiro 2006

Conhecer as pessoas é a melhor forma de gostar do lugar

Tive que voltar a Minas para me desintoxicar de mega redes de supermercado e sentir novamente o que são as mercearias da esquina. Vou contar um pouco delas.

Lá em Tiradentes a Mostra de Cinema se divide entre filmes na Tenda, armada na margem esquerda do rio que molha a cidade, filmes na Praça, onde se ouve rock ou blues vindos dos bares ao redor, oficinas espalhadas por aí, e debates no Centro Cultural, edifício charmoso com sala de imprensa, auditório, café, escada larga com sombras de arvóres e uma mercearia bem em frente.

Um sobrado antigo, duas portas altas de madeira, uma mesinha de bar, balcão, freezer, estufa, prateleiras com secos e molhados, enlatados e engarrafados, muitas pelas paredes, uma mesa de madeira com gavetas e atrás o dono, seu Bizuca.

Comprar ali é ser presenteado com uma prosa rica. Peça uma cerveja no ensolarado sábado a tarde ou compre uma garrafa de vinho tinto seco e um queijo minas na noite de domingo e seu Bizuca irá contar um pouco da sua história e da vida da cidade, ou de como os vinhos secos são melhores do que os suaves. Ele ainda fala da sua pousada, se orgulha da tranqüilidade de Tiradentes e recomenda as cachoeiras dos distritos próximo. O queijo é feito num sítio perto, ele está ali há uns 30 anos e os dias de carnaval dão muita confusão.

Tudo bem, seu Bizuca. Não virei no carnaval. Melhor aparecer uns dias antes, durante a Mostra!

25 janeiro 2006

Desde sexta-feira estou em Tiradentes. A Mostra de Cinema vai até sábado, mas deixo a cidade amanhã. Estou de jornalista do Século Diário, mas tenho gasto meu tempo passeando, já que a Mostra não me deu hospedagem nem alimentação. Cachoeiras, chafariz, rua de pedras irregulares, pontes, calor de dia, de noite frio e muitos curtas, vídeos e longas.

leiam um pouco mais aqui!

14 janeiro 2006

"Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair"

chico buarque me resume.

no alto a lua está cheia. as montanhas, cuidadosamente construídas, impedem meu destino. claustro. curto horizonte. corro para elas. corro contra o muro.

estouro contra ele a teimosia dos meus nervos. dedico à rígida escuridão a intensidade estéril dos meus movimentos. e caio algumas vezes.

escondo as feridas dos meus olhos. e sigo batendo.

queria agora a amplitude do mar e poder olhar, olhar mais do que o escuro vertical.

11 janeiro 2006

crítica

Reações Psicóticas é a coletânea de artigos do maluco Lester Bangs publicada pela Conrad. Esta aqui é a resenha escrita para o Século Diário.

10 janeiro 2006

telhados

e se eu caísse nesse fosso escuro, daqui até o chão recordaria seu cheiro e lá embaixo minhas costelas quebradas sentiriam seu toque. eu iria do céu ao inferno em dois segundos de queda livre e desesperada. então me amarro em suas pernas e deito olhando as antenas de tv. falo do silêncio, penso em desaparecer. ouço piazolla enquanto deixo o chocolate derreter nos dedos e depois nos seus lábios. deitamos a um palmo do chão. a um passo da queda. dentro do céu.