22 junho 2006

quer almoçar comigo amanhã? preciso contar o que eu sinto quando saio sem você e no que estou pensando quando olho sem piedade para todas as mulheres que cruzam o meu caminho. entenda, de você eu não espero mais do que estar ao meu lado até o fim. acordarmos todos os dias juntos. você ignorar insistentemente as minhas tentativas de arrancar da sua boca qualquer frase que revele a posição que ocupo numa hipotética escala de grandes amores da sua vida. mas sei que você é incapaz de dedicar seu corpo só a mim.

invejo seu cinismo. o modo prolixo como nega sua dependência e reafirma com a ladainha das seis horas seu credo inabalável no amor livre. nesta altura da vida o que me faltava eram ideais libertários! saiba, eu prefiro a caretice das declarações de amor, as mãos dadas, o presente no dia dos namorados.

e saio me desculpando pela ingenuidade descrita sem vergonha nesta folha branca, enquanto ouço aquela fita k7 que você gravou pra mim quando ainda não estavam domesticados os gravadores de cd e acabáramos de fazer a primeira comunhão.

12 junho 2006

agora, dono da sua confissão, serei o mais cruel dos carrascos. ao mesmo tempo frio e carente, desejarei ouvi-la todas as noites e saberei usa-la contra você no momento certo. porém, serei estéril sem sua voz respirando ofegante nos meus ouvidos. desistirei da minha importância tão logo você mude de idéia e recuse seu (não-)lugar de leitora confessa do que eu escrevo.

(#1) compre na mercearia da esquina foi elevado à condição de invejada produção artística por um proeminente diretor espírito-santense.

(#2) quero viver em um lugar onde as árvores sejam maiores que as casas.