11 abril 2010

daqui onde estou, a luz que entra pela janela tem o alaranjado certo. você me cobre, seu rosto e o meu trancados por essas grades curvas. a música descreve o passeio e a grama que não são nossos, mas os adotamos como sendo. "algum compositor desatento se esqueceu dos navios", sussurro, nesse sol dividido a dois. vemos sua luz caminhar pelo chão do quarto até sumir novamente pelo vidro no fim do dia. ele entra quando você chega trazendo o café, beija minhas costas e me empurra para o chão do quarto. na hora de comer, ele parte o pão com manteiga em dois, e ele, que dividimos, também divide o que é nosso. a certeza de que não preciso de mais do que você e ele me trazem faz com que eu permaneça quieto, pensando se você vem ou se terei de novo que busca-la em outras. cidades, noites, luzes com a intensidade e temperaturas certas.