08 março 2006

Deixa tocar, ela dizia enquanto o telefone soava estridente. Sem culpa ignorava a campainha incansável e pedia que a abraçasse. E eu rangia os dentes ouvindo o toque repetitivo ressoar da sala até o oco da minha cabeça.

Agora, incansável, ligo todas as noites. E imagino o eco do telefone chamando pela sala vazia da casa dela e indo até o quarto onde ela sussurra as palavras que definem meu futuro no ouvido de outro.

Ainda me dói a cabeça a repetição exaustiva do toque do aparelho. (Onde eu deixei minha dentadura?)