26 agosto 2010
Por que não a idolatram e assim sambaria alegre aceitando lá-iá-lá-iás que lhe penetrariam os ouvidos e desceriam pelo ventre. Por que não não os acaricia ela e assim sentiriam versos subindo pelas pernas.
24 agosto 2010
16 agosto 2010
E sendo difícil não ser ridículo na atual conjuntura, melhor nem escrever.
Vai cantar samba!
Vai ouvir Otto, menino!
Vai ouvir Caetano!
24 julho 2010
pt 3
17 julho 2010
pt 2
13 julho 2010
pt 1
11 abril 2010
25 março 2010
21 março 2010
o que havia lhe chamado a atenção eram as pernas. tinha um banco verde de madeira na mesma praça. as pernas no banco, ou as pernas fora do banco, quase maiores que o banco. as pernas. decidiu escrever sobre elas, mas logo pensou que era um erro: nunca esse tipo de coisa provocou seu interesse ou literatura. depois houve o branco, o banco branco, onde tudo se confundia como numa aliteração. e assim as noites se seguiram, e nelas ele os bancos e as pernas.
já pelo final, largada na última linha de uma carta: "para um porvir totalmente incerto", a sentença que parou de ser frase e virou destino.
15 março 2010
12 março 2010
o caso do fusca
E foram essas as testemunhas de uma de suas grandes façanhas. Conta-se que era mau pagador - e aqui apenas relato o que está grafado eternamente na memória dos homens do lugar, baú onde repousam as histórias que andaram por anos sendo moldadas no calçamento irregular das ruas e me foram narradas durante um café numa de suas esquinas. Era, portanto, mau pagador e havia comprado a prazo uma bateria para o seu Fusca branco 73.
Difícil seria não esbarrar com o credor no meio da rua e foi o que aconteceu certo dia e na frente dos amigos. Cobrado, reagiu friamente e com incrível desapego. Ninguém entendeu quando assumiu a dívida e falou pode tirar a bateria lá do carro. Meio atordoado mas disposto a se mostrar valente, foi o cidadão simples retomar o produto da discórdia. E ali, futucando no capô do fusquinha, foi abordado por uma dupla de policiais que não acreditaram em nenhum dos argumentos de defesa daquele pobre acusado de roubar o veículo do ilustríssimo senhor doutor Eros.
27 fevereiro 2010
Um dia desenhei meu desejo em quadrinhos, um preto e branco com quase nada de tons de cinza dispostos em sequência numa página A4. Começava mais ou menos assim: a imagem de uma música, a letra, na sua camiseta branca, o enquadramento fechado, logo seu rosto em close e depois o ambiente, aquela festa sem graça na qual me diverti tentando descobrir seu sotaque. Agora você zomba do meu, mistura de tantas falas de tantos lugares e um leve acento nos sons nasais, a arte de ser fanho ou coisa parecida. No meio da rua, te conto aquela piada da turma de amigos que queria entrar de graça numa festa e usou a artimanha de se anunciar como a “banda”. Os seguranças meio que acreditaram, até o último da fila, um fanho incorrigível, dizer que era o “antor”. Você ri, mas é só mais uma piada infame, daquelas de tio, que eu memorizei das festas de fim de ano da família. As festas de família, os jantares, as ceias de natal, a contagem regressiva do ano novo. Era nessas horas que eu mais sentia sua falta, quando não havia onde se esconder da solidão tremenda, nem o refúgio dos livros ou da música alta, das drogas leves ou das bebidas pesadas. E agora você na minha frente, eu sem saber como dizer. Vou pra casa e escrevo esse maldito texto infantil com referência a quadrinhos.