Senso de oportunidade foi a definição pouco culposa que encontrou para sua capacidade de cometer erros de toda sorte. O caminho até o novo conceito foi longo e a resolução, claro, motivada pelo arrependimento. Já há algum tempo não pensava em termos do que seria feito e do rumo que as coisas tomariam depois de alguma decisão. Preocupava mais vislumbrar como a vida não seria ou como seria se deixasse de lado a curiosidade. Havia excluído do rol de reações possíveis a possibilidade de recusar novas experiências. Mil vezes correr riscos e ser atropelado pelos acontecimentos a privar-se no retiro da rotina.
Quanto às oportunidades, não gostava de perdê-las, embora não se esforçasse muito para criá-las. Surgiam na forma que ele sonhasse. Não da noite para o dia, mas no tempo certo dos desejos que aparecem de estalo e se tornam mais agudos à medida que crescem esquecidos, despertados vez ou outra por uma lembrança singela ou voluptuosa.
Após cada decisão, o ritual incluía, ao fim, pedidos de perdão. A si mesmo e aos outros, como forma de se desculpar pelo que acabara de fazer. Era assim que navegava, aproveitando gratuitamente a velocidade dos ventos, sem oferecer nada em troca, e elaborando justificativas aos deuses por esta contabilidade vantajosa. Tanto que se acostumou e com o tempo passou a se culpar cada vez menos, tirando o máximo proveito do que os meios lhe ofereciam.
Um comentário:
recusar novas experiências é como burlar uma lei que traz benefícios primeiramente a nós mesmos. texto de chorar... eu vou roubar vc pra mim e te prender numa gaiolinha!!!!!dani costa
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