31 dezembro 2007
em construção
Quanto às oportunidades, não gostava de perdê-las, embora não se esforçasse muito para criá-las. Surgiam na forma que ele sonhasse. Não da noite para o dia, mas no tempo certo dos desejos que aparecem de estalo e se tornam mais agudos à medida que crescem esquecidos, despertados vez ou outra por uma lembrança singela ou voluptuosa.
Após cada decisão, o ritual incluía, ao fim, pedidos de perdão. A si mesmo e aos outros, como forma de se desculpar pelo que acabara de fazer. Era assim que navegava, aproveitando gratuitamente a velocidade dos ventos, sem oferecer nada em troca, e elaborando justificativas aos deuses por esta contabilidade vantajosa. Tanto que se acostumou e com o tempo passou a se culpar cada vez menos, tirando o máximo proveito do que os meios lhe ofereciam.
"Estão separados?" "Não exatamente. Ninguém se separa, Rímini. As pessoas se abandonam. Essa é a verdade, a verdade verdadeira. O amor pode até ser recíproco, mas o fim do amor não, nunca. Os siameses se separam. Mas não se separam, tampouco: porque sozinhos não conseguem. Um terceiro precisa separá-los: um cirurgião, que corta pelo meio o órgão ou o membro ou a membrana que os une com um bisturi e derrama sangue e na maioria das vezes, diga-se de passagem, mata, mata um deles, pelo menos, e condena o outro, o sobrevivente, a uma espécie de luto eterno, porque a parte do corpo pela qual estava unido ao outro fica sensibilizada e dói, dói sempre, e se encarrega de lembrá-lo, sempre, de que não está nem nunca vai estar completo, que isso que lhe tiraram nunca mais poderá ter de novo."
Sofía, em O Passado, o livro/filme que provoca em mim as piores recaídas.
25 dezembro 2007
mas ainda é melhor que roupa!
23 dezembro 2007
espírito natalino
#2 manhuaçu é assim, você pode dormir de edredon na primeira noite de verão.
#3 poucas pessoas no mundo têm o poder de me fazer comprar um guarda-chuva de 50 reais.
10 dezembro 2007
The Police
Do Caderno Dois de hoje.
The Police para quem precisa
Está tudo ali. A fusão de ska e rock, Sting com sua dancinha característica e seus agudos inconfundíveis, Andy Summers discreta e elegantemente explorando sua guitarra, e Stewart Copeland que 24 anos após a última turnê se dedica à bateria com a mesma energia e aquelas luvinhas de sempre. Todos os elementos que fizeram do The Police uma das bandas mais importantes da história da música.
E os 74 mil que estão no Maracanã na noite quente de sábado mal podem esperar. A abertura a cargo dos Paralamas do Sucesso, filhote brasileiro do Police, serve para lembrar que os anos 80 estão logo ali, no camarim.
No gramado, antes do show, um grupo de homens e mulheres com idade para ter visto a banda antes do fim prematuro, em 1984, gasta o tempo jogando Detetive, aquele de matar com uma piscadela sem ser descoberto pelos policiais. Dois amigos que se formaram juntos na escola do exército, um deles com o filho que nasceu bem depois do Police tocar pela primeira e única vez no Brasil, em 1982, se encontram e marcam de tomar um chopp pra lembrar os velhos tempos.
A ansiedade se torna euforia quando, em alto e bom som, Bob Marley entoa “Get Up, Stand Up”. É a deixa para o trio entrar no palco e soltar logo de cara “Message in a Bottle”, empolgante como sempre, no volume ideal para todo o estádio ouvir. Em seguida, com “Synchronicity II” cinco telões de alta definição sintonizam os três senhores de cabeleira amarela, outra marca registrada da banda.
Só antes de “Walking on the Moon”, Sting conversa com o público. “Que Saudade. Querem cantar comigo?”, ele diz, em português. E depois pede que o público mostre as mãos em “Voices Inside My Head”, canção pouco conhecida que ganhou, no show, um solo gigantesco de Andy Summers, contrariando a estética do “menos é mais” cuja bandeira a banda erguia mais de 24 anos antes.
“Don´t Stand so Close to Me” voltou a trazer o trio para junto do público, antes de uma seqüência de músicas com andamento lento e pouco apreço popular que só foi quebrada três músicas depois com “Every Little Thing She Does is Magic” e com “De do do do De da da da”. Mais adiante, “Invisible Sun” era ilustrada, nos telões, por fotografias de crianças vítimas da pobreza e das guerras.
Em “Walking on your footsteps”, Sting usa uma flauta indígena e Copeland sai da bateria para tocar percussão e xilofone. Mas o exotismo pára por aí: em uma seqüência final com seis hits executados com firmeza a multidão tem a certeza de que presenciou um capítulo marcante da história da música. “Roxanne” é aclamada enquanto o palco é tingido de vermelho. “Every Breath You Take” é cantada por todos. “Next You”, e sua força incrível, é o final perfeito para um concerto de rock’n’roll.
08 dezembro 2007
2014 que nada.
menos ainda quando seu acesso para o campo se dá por um dos túneis, saindo de dentro da terra para ver à sua volta as arquibancadas lotadas em um fim de tarde carioca.
agora escrevo de um vestiário, pisando a grama sintética onde alguns caras bem mais dentuços e ricos do que eu já ensaiaram e a única certeza que eu tenho é a de que nenhum jogador de futebol tem celular Claro, porque aqui eles não funcionam!
depois eu conto o resto.