29 outubro 2007

Killers no Tim Festival

Pra lembrar 2005, quando eu escrevi um texto babando pelo show do Strokes em São Paulo, coloco aqui o que deveria sair no Caderno Dois de hoje. Não tinha espaço suficiente.

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O teclado armado na frente do palco, enfeitado com luzes e flores, funciona como um púlpito. Brandon Flowers é o pastor que conduz os fiéis a emoções extremas, do transe introspectivo à catarse enérgica. Ele é a autoridade máxima, a quem cabe dar boas-vindas e manter a harmonia em Sam´s Town, o lugar criado para que os Killers convertam o público ao seu rock’n’roll de sonoridade oitentista.

O culto começa efervescente. A banda oferece os melhores sermões de seus dois discos (“Hot Fuss” e “Sam´s Town”) em uma seqüência que parece interminável. São sete motivos para o público que lota o palco principal na noite de sábado do Tim Festival no Rio não ficar parado. Da música tema a “Jenny Was a Friend of Mine”, passando pela energia de “Bones” e “Somebody Told Me”.

Flowers se emociona quando canta “Read My Mind”, com seu romantismo deslavado que remete a U2. Ainda há tempo para o clímax, com “Mr. Brightside”. E, no final, os fiéis se lembrarão do que Flowers cantou, acompanhado apenas pelo órgão, em “Enterlude”, no início do show: “We hope you enjoy your stay / And it´s good to have you with us / Even if it´s just for the day”.

A energia que os Killers gastaram no sábado só se compara ao espetáculo de Björk na noite de sexta, no mesmo palco. Juliette Lewis e sua banda, os Licks, que abriram para The Killers, até tentaram: a atriz de “Assassinos por Natureza” mostrou disposição em seu rock’n’roll pesado. No final da apresentação, depois da cena manjada em que o astro do rock se enrola na bandeira do Brasil, ela se jogou nos braços da platéia.

Björk não precisou de tanto. A cenografia com flâmulas e estandartes ilustrava o cenário com peixes, anfíbios, répteis e aves. A evolução da espécie humana estava ali, em carne e osso, envolvendo a platéia com sua música eletrônica, sem exageros vocais. Destaque para “Hunter”, “Pagan Poetry” e “Declare Independence”, de seu último disco.

Já os Arctic Monkeys, última atração do palco principal na sexta e grande trunfo do novo rock, mostraram frieza e não surpreenderam. Rock simples e direto, com as guitarras dançantes de “Brianstorm”, “D is for Dangerous”, “Fluorescent Adolescent” e “I Bet You Look Good on the Dancefloor”.

Um comentário:

dadys disse...

droga! você foi? (adoraria ter dito que eu estava lá também...)

bjos!