07 agosto 2005

bicho do mato

aos poucos foi saindo da cidade. ainda estava nela quando abandonou os supermercados e passou a fazer compras na feira. diversas possibilidades. ele tinha tudo o que precisava bem ali.

a erva-doce! um real a sacolinha e vinha com ciscos e sujeira de terra. achava lindo e comprava todo sábado de manhã. administrava doses homeopáticas do chá a toda família, sete dias até o próximo sábado. e comprava mesmo no verão, quando era mais sensato gelar o líquido.

fez amizade com um feirante cuja família havia contribuído na colonização de uma pequena cidade nas montanhas. três gerações tratando com mãos carinhosas aquele chão verde e o fogão marrom. terra repleta de galhos frágeis com odores inesquecíveis. plantas para perfeitas infusões contra males agressivos. foi quando descobriu a origem da semente que curava os filhos.

a plantinha se levantava quarenta centímetros do chão e era insegura pela força das mais leves brisas. o cheiro era suave como o pão caseiro artesanalmente construído todas as tardes. e as sementes. pequenas gotas de doçura. ainda deveriam ser postas ao sol para secar. depois o líquido turvo e a decisão categórica de plantar e colher. de viver pisando o chão e se sujando de terra. e o contato dos pés com as folhas secas e da cabeça com o chapéu de palha. as mãos aperfeiçoadas para sovar a massa e delicadas para moldá-la. e a vida não precisou mais ser adoçada com chá todos os dias.

5 comentários:

Anônimo disse...

é, né? não vai escrever pro vento...
pois onde estão os resultados da sua super divulgação eme-esse-enica???

hahah.

acho que o próximo nome de gato aqui vai ser funcho. adorei!

Anônimo disse...

o legal do que é chato no labcom é que não tendo nada pra fazer acabo lendo várias coisas legais. e ainda tenho tempo para comentar.

tem sempre essa idéia de que roça é purificador não? toda a questão da terra. eu gosto das imagens q se criam, dessa ilusão. é bonito.
já leu raduan? bem legal.

abs

Clara Sampaio disse...

muy belo
:*

Elisa Ribs disse...

Fica fazendo propaganda do blog no msn, aí a geral invade, hauhaua.
Mto legal seu blog Vitor Graize!
Gostei do conto, tão simples, mas tão bonito, como a roça me parece.
Não ando mto inspirada pra comentários, mas volto aqui mais vezes.
Bjos!

Anônimo disse...

então...

cheiro de mato é tudo nessa vida!

otemo texto! com certeza virei mais vezes, piups!

beijo!