28 maio 2008
vamos brincar assim: aqui eu tento fazer o que, lá fora, chamam literatura.
27 maio 2008
jazz e blues II*
Se nos dois anos anteriores, o Rio das Ostras Jazz e Blues Festival preferiu os instrumentos de sopro (apresentando Ravi Coltrane, James Carter e Wallace Rooney, entre outros), a sexta edição do festival, que começou na quarta e foi até o último domingo, teve como atrações principais músicos que criam sua arte nas cordas.
Mas o festival foi além do violino de Regina Carter e das guitarras de Russel Malone, John Mayall & The Bluesbreakers, James “Blood” Ulmer, Vernon Reid e John Scofield. Foram 18 atrações e 25 shows em cinco dias, uma maratona de improvisações jazzísticas, bluesmen empolgados, artistas encantados com o público e platéia enlouquecida em apresentações gratuitas.
A maior supresa veio de New Orleans (EUA), terra do blues, com uma proposta de renovação do estilo. Como uma tropa de choque postada à frente do palco, a linha de quatro trombones do Bonerama, com o suporte de bateria, guitarra e uma tuba, deu um show de energia passeando por músicas tradicionais, inéditas e releituras de “The Wizard”, do Black Sabbathe, e “The Ocean”, do Led Zeppelin, dois dos riffs mais conhecidos do rock’n’roll.
“New Orleans é ótimas! E está ficando melhor!”, disse Craig Klein, um dos líderes do Bonerama, no palco da Praia da Tartaruga na sexta-feira à tarde, para uma platéia surpresa com as distorções de um trombone eletrificado. Em seu instrumento, um adesivo dizia “ReNew Orleans” (trocadilho com renove New Orleans).
O pai do blues britânico John Mayall, 73 anos, à frente da banda The Bluesbreakers, era sem dúvida a atração mais aguardada. Mas seu show esteve longe de ser o melhor. O músico se irritou com um teclado misteriosamente desprogramado e o que se viu foram momentos de tensão resolvidos sob o olhar angustiado dos fãs. Com Mayall longe da guitarra, quem se destacou foi Buddy Whittington.
John Scofield, por sua vez, abriu o show com “House of the Rising Sun”, um blues tradicional gravado por vários artistas (Bob Dylan, entre eles, em 1962), que está presente em seu “This Meets That” (2007), disco no qual baseou a maior parte do repertório dos dois shows.
Acompanhado por baixo elétrico (do aclamado Steve Swallow), bateria e um trio de metais, Scofield fez um show extremamente técnico e introspectivo que fez apenas uma concessão ao público: “(I Can't Get No) Satisfaction”, dos Rolling Stones, que fecha seu mais recente lançamento. No encerramento do festival, domingo à tarde, Scofield tocou para uma platéia distante, impedida de se aproximar do palco da Praia da Tartaruga pela maré alta.
“The master of disaster!”, anuncia Vernon Reid, guitarrista do Living Colour. E só então James “Blood” Ulmer sobe ao palco de Costazul, no sábado à noite, para, sentado em uma cadeira, executar clássicos do blues com o dedilhado mais cool do festival. Um dos poucos e grandes nomes da guitarra na vertente conhecida como free jazz, Ulmer tem se dedicado ao blues elétrico moderno nos últimos anos.
Em duas apresentações, Ulmer executou em sua guitarra canções clássicas de Willie Dixon, John Lee Hooker e Muddy Watters, do disco “Memphis Blood: The Sun Sessions” (2001). O álbum foi produzido por Reid, daí a explicação para sua participação especial. Sem a rigidez dos protocolos, o guitarrista fez o melhor show do festival na Lagoa de Iriry, domingo à tarde, com solos de guitarra desconcertantes e refrões cantados a plenos pulmões.
*sem a edição do Caderno2 de hoje.
Mas o festival foi além do violino de Regina Carter e das guitarras de Russel Malone, John Mayall & The Bluesbreakers, James “Blood” Ulmer, Vernon Reid e John Scofield. Foram 18 atrações e 25 shows em cinco dias, uma maratona de improvisações jazzísticas, bluesmen empolgados, artistas encantados com o público e platéia enlouquecida em apresentações gratuitas.
A maior supresa veio de New Orleans (EUA), terra do blues, com uma proposta de renovação do estilo. Como uma tropa de choque postada à frente do palco, a linha de quatro trombones do Bonerama, com o suporte de bateria, guitarra e uma tuba, deu um show de energia passeando por músicas tradicionais, inéditas e releituras de “The Wizard”, do Black Sabbathe, e “The Ocean”, do Led Zeppelin, dois dos riffs mais conhecidos do rock’n’roll.
“New Orleans é ótimas! E está ficando melhor!”, disse Craig Klein, um dos líderes do Bonerama, no palco da Praia da Tartaruga na sexta-feira à tarde, para uma platéia surpresa com as distorções de um trombone eletrificado. Em seu instrumento, um adesivo dizia “ReNew Orleans” (trocadilho com renove New Orleans).
O pai do blues britânico John Mayall, 73 anos, à frente da banda The Bluesbreakers, era sem dúvida a atração mais aguardada. Mas seu show esteve longe de ser o melhor. O músico se irritou com um teclado misteriosamente desprogramado e o que se viu foram momentos de tensão resolvidos sob o olhar angustiado dos fãs. Com Mayall longe da guitarra, quem se destacou foi Buddy Whittington.
John Scofield, por sua vez, abriu o show com “House of the Rising Sun”, um blues tradicional gravado por vários artistas (Bob Dylan, entre eles, em 1962), que está presente em seu “This Meets That” (2007), disco no qual baseou a maior parte do repertório dos dois shows.
Acompanhado por baixo elétrico (do aclamado Steve Swallow), bateria e um trio de metais, Scofield fez um show extremamente técnico e introspectivo que fez apenas uma concessão ao público: “(I Can't Get No) Satisfaction”, dos Rolling Stones, que fecha seu mais recente lançamento. No encerramento do festival, domingo à tarde, Scofield tocou para uma platéia distante, impedida de se aproximar do palco da Praia da Tartaruga pela maré alta.
“The master of disaster!”, anuncia Vernon Reid, guitarrista do Living Colour. E só então James “Blood” Ulmer sobe ao palco de Costazul, no sábado à noite, para, sentado em uma cadeira, executar clássicos do blues com o dedilhado mais cool do festival. Um dos poucos e grandes nomes da guitarra na vertente conhecida como free jazz, Ulmer tem se dedicado ao blues elétrico moderno nos últimos anos.
Em duas apresentações, Ulmer executou em sua guitarra canções clássicas de Willie Dixon, John Lee Hooker e Muddy Watters, do disco “Memphis Blood: The Sun Sessions” (2001). O álbum foi produzido por Reid, daí a explicação para sua participação especial. Sem a rigidez dos protocolos, o guitarrista fez o melhor show do festival na Lagoa de Iriry, domingo à tarde, com solos de guitarra desconcertantes e refrões cantados a plenos pulmões.
*sem a edição do Caderno2 de hoje.
23 maio 2008
jazz e blues I
"já ouvi esse disco mais do que a minha própria voz!". essa comparação eu inventei ontem no final da tarde, sentado em uma pedra, enquanto via as ondas do mar baterem perto do palco da Praia da Tartaruga, em Rio das Ostras. pensava em quantas vezes o baterista e o tecladista/guitarrista da banda da cantora Taryn Szpilman, que se apresentava no 6º Rio das Ostras Jazz e Blues Festival, tinham colocado em seus toca-discos algum álbum do Led Zeppelin. Movido pela imagem, pelas caras e bocas que eles faziam e pelos solos que mostravam, ignorei a possibilidade de eles nunca terem escutado um disco inteiro de Robert Plant e Jimmy Page. O fato é que aquele show foi o pior do dia e de todos os shows que já assisti aqui, em três anos de festival. De Billie Holliday a uma composição recente que a cantora descreveu como samba-rock, mas que não tinha nada do balanço brasileiro mas apenas um pandeiro no início, o show teve Janis Joplin, Jimi Hendrix, Ray Charles, James Brown e, claro, Led Zeppelin. Segundo eles, "passeio pelo blues", para mim falta de critério.
19 maio 2008
você só se apaixona por uma garota quando a vê dormindo. obviamente você também pode não se apaixonar por uma garota se a vir dormindo. essa é uma teoria. se ela dormir como a personagem da norah jones em My Blueberry Nights dorme no balcão daquele café nova iorquino, bêbada e com os lábios sujos de torta, então você não vai resistir. acho que é por isso que eu tenho tanta vergonha de cochilar no ônibus, na volta para casa depois do trabalho. talvez alguma garota também pense assim e eu não sei se durmo de um jeito bonito. alguém dorme direitinho em um ônibus?
18 maio 2008
São 5 da tarde. Eu acordei às 8h, muito atrasado, por sinal, para o trabalho (é, de vez em quando as pessoas trabalham aos domingos). Levando-se em conta que, nesse dia, as pessoas normalmente saem da cama por volta das 10h, se não tiverem, no dia anterior, ido a uma boate, festa ou coisa parecida, e que as que foram a alguma boate, festa ou coisa parecida só vão acordar depois de meio-dia, então já se passaram sete horas úteis. Nem tão úteis, porque domingo é dia de não fazer nada, mas suficientes para comer, ver um pouco de televisão, checar os e-mails, perder um tempo no msn e mandar uns recados pelo orkut. Deu tempo de ouvir música, assistir o primeiro tempo de algum jogo do campeonato brasileiro e, os mais espertos, aposto que assistiram algum filme no cinema. Mães, é claro, foram além desse marasmo e cozinharam, foram ao supermercado (as que trabalham durante a semana) e talvez tenham levado o cachorro pra dar uma volta na rua. Passadas tantas horas, quem gosta de mim de verdade ligou para dar os parabéns (não foram muitos, claro); quem eu acho que precisava de um empurrãozinho eu liguei, avisei e aproveitei para ouvir os parabéns; os conhecidos, as pessoas distantes por algum motivo e as preguiçosas deixaram um scrap, mandaram uma mensagem pelo celular ou pelo msn (foram muitas); os amigos de verdade aparecerão logo mais e farão as coisas do modo tradicional, abraços e beijos, que é mais legal. Nessa conta, só uma coisa me intriga: até agora nenhuma ex-namorada ligou, nem mandou scrap, e-mail ou mensagem de celular, também não liguei avisando, porque ainda resta uma ponta de orgulho, e, pelo andar da carruagem, só passarão pela Oscar Rodrigues de Oliveira se esta for a última rua da cidade.
12 maio 2008
só pra registrar uma façanha. 20 meses de revista Piauí e é a primeira edição que eu leio de cabo a rabo, sem deixar passar nada. e foi até antes do fim do mês. esse número está sensacional, tem Ralph Steadman contando aventuras com Hunter S. Thompson; Ana Luisa Escorel em um texto belíssimo sobre Antonio Candido; e desenhos impagáveis de Sempé!
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