porque só aos poucos você descobre tudo o que perdeu. também encontra ao acaso objetos herdados involuntariamente. e, quando a partilha não é completa, ainda haverá muito do que se arrepender.
o que tomaram sem você perceber. o que, depois de muito insisitirem, levaram com seu consentimento. aquela bolsa bonita do festival de cinema. um creme de cabelo idiota. o que deu com alegria. o que ganhou sem pedir. o vidro com uma mecha de cabelo amarrado em laço de fita. as cartas, os bilhetes de bom dia. a marca do batom no espelho do banheiro. o gosto do bolo de cenoura com cobertura de chocolate.
9 comentários:
menos ressentimento e mais vontade de potência, rapaz. :P
outro dia eu encontrei em um criado mudo do meu quarto uma foto amarelada. é de um castelo bem bonito, num clima frio - mas não muito. as pessoas da foto - nenhuma olhando para a câmera - todas de costas ou de lado, usam roupas da década de 1970. eu nasci em 81 e nunca fui a uma castelo. pensei nisso por dias. até que uma noite sonhei: fui a um sebo duas semanas antes, comprei vários livros... a foto deve ter vindo num deles. e ela se guardou no criado. um castelo. bem bonito. como a herança de alguém que não conheço.
Adorei o blog...
Beijos, Adri
http://drikaninha.zip.net/
Esse texto me deixou triste.
Gostei do blog, to lendo enquanto finjo que trabalho.
"[...]o tédio já não é meu amor."
Abraço.
Essas heranças que trazem consigo tantas coisas velhas, obsoletas, ainda despertam sensações ultrapassadas, muito provavelmente.
E pq negar o q já se foi? E pq não se abrir pro novo? Não passam de memórias, podiam até ser inventadas, como as de manoel de barros. No entanto algo muito valioso vem daí- a percepção/sensibilidade.
Triste, mas verdadeiro.
=]
Pára de ouvir essa Mallu Magalhães que isso passa.
os bilhetes.
o pior são os bilhetes.
pois é.
:)
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