22 agosto 2007

quando, onírica e ingenuamente, pensei em algumas palavras que usaria para me definir, tratei logo de descrever a imagem que eu tinha de felicidade. isso foi há uns 4 anos, quando eu fiz meu perfil no orkut.

falei de uma casa no alto de um morro, onde embaixo passava um rio caudoloso. fazia frio. lá eu andei a cavalo, coisa rara. esse lugar existe e fica no interior de Minas, num sítio que visitei mais ou menos em 1999.

se chama Sem Peixe e lembro que o nome da cidade me marcou tanto quanto a beleza da roça, o contraste entre o verde do pasto e o marrom das águas de um afluente do Rio Doce que naquela parte não oferecia muita pesca. só fui entender o que aquele pedaço de chão significou pra mim uns anos mais tarde e agora me deparo com a notícia: "Sem Peixe tem o 1º homicídio em 10 anos".

o sítio deve continuar o mesmo, no mesmo lugar. o rio talvez esteja um pouco menos caudoloso, assoreado e seco. talvez não faça mais tanto frio e a cidade vai estar mudada quando eu voltar.

7 comentários:

Anônimo disse...

Pensando em Sem Peixe e ouvindo free jazz... Ah, garoto!

Pena que o Cecil Taylor não vá tocar em Vitória...

dadys disse...

tu devia escrever um livro.
:)

dadys disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

O mais bizarro disso tudo é alguém ser chamado de 'sempeixiana'

Anônimo disse...

Era uma casa. O morro, atrás, era pretexto para abrigar o forno de pão. A cozinha, com aquela rede e aquele sol que bate as cinco, resguardava um momento mais bucólico que o diário. Você, brincando com a gata, os cabelos pelos ombros, a blusa poída de quando nos conhecemos. As plantas secas, o pó revirando com a brisa da janela. A cena poderia ser de filme de casa abandonada pelo tempo, coisa de seresta de avó. Ou simplesmente nossa vida interiorana em pleno bairro residencial de metrópole. Eu calado, você cantarolando desafinada e singela aquela última balada da rádio. De repente, se vira como num susto. O relógio bateu, cinco e meia. Não, não quero ir, quero ficar, eu respondo aos seus apelos. Compromisso, festa de amigo, nada disso me interessa. Você se vira, faz biquinho e levanta serelepe.
No banheiro, enquanto a minha ducha, a sua preocupação é a cor da sombra. Não a sombra que se desfaz no seu corpo, lembrança do fim de tarde passando pelo vão do basculante. A sombra em questão é a da revistinha de maquiagem, última aquisição numa frívola visita a uma amiga. Se está bom? Se eu acho que combina com a roupa de festa? Nunca te achei carente de pintura. Nem de disfarce, nem de cultura erudita, nem de etiqueta à mesa. Gosto mesmo assim, sem precisar de pose para os demais. Gosto mesmo assim. Assim. Sem mais delongas, minha somente, jogada à rede, na varanda de casa, fazendo carinho na gata, com a barra da sua blusa poída.

Clara Sampaio disse...

é.. um monte de tapa de um vez só.

Vitor Graize disse...

gosto deste texto aí de cima. me lembra coisas. mas a gente elogia como? quem? onde? =)