14 julho 2007

tateou o escuro buscando o anel frio. encontrou a superfície gelada e depois a mão quente, os dedos finos e a pele suave. pousou ali por uns instantes, o braço esticado até o banco do outro lado do corredor. a mão do anel correspondia semi-quieta, latejando.

Imaginou uma mão morena, as unhas sem tinta, o pulso magro. e foi subindo até crer que os cabelos eram lisos e não desciam mais que a altura dos ombros, que o nariz era fino e os lábios, quase imperceptíveis entre duas bochechas macias.

o ônibus seguiu chacoalhando por mais hora e meia. parou quando ele devia descer. foi embora sem precisar olhar para o rosto que identificava o corpo que tinha a mão que o acolheu.

Um comentário:

Anônimo disse...

de volta ao poético?
;)