22 outubro 2006

você virou sobre a mesa as cartas e elas disseram que eu só te faço mal. depois me deixou com as mentiras e saiu pelos bares carregando a cruz da vingança.

05 outubro 2006

"Usar marcas globais e suas estratégias para posicionamentos contra-econômicos". Esta é a ideologia dominante no grupo dinarmaquês Superflex. Eles decidiram aplicar em produtos analógicos, bebidas, por exemplo, o conceito e as práticas da cultura livre e de "alguns direitos reservados", pensamento originado da licença Creative Commons.

O Superflex primeiro criou uma cerveja liberada para cópia, embalagem e reprodução, agora foi mais longe e junto com produtores de guaraná da floresta amazônica produziu e lançou o Guaraná Power. Eles reclamam o uso das características genuínas da semente de guaraná, isto é, como um tônico natural e não apenas como um símbolo publicitário. Como forma de ativismo político anti-corporação reuniram os produtores da região para pensar em formas de combater o monopólio da fabricação de refrigerante derivado da semente. O fato de os produtores venderem as sementes apenas para uma empresa fez os preços da matéria-prima despencarem de 25 dólares para 4 dólares em quatro anos.

O Superflex acabou usando o Guaraná Power como obra de arte, inscrevendo o projeto em diversas bienais internacionais. Na Bienal de Arte de São Paulo o trabalho foi recusado pela Fundaçaõ Bienal após ser selecionado pelos curadores. A direção acatou um posicionamento do departamento jurídico da entidade, desconfiada e receosa de futuros problemas na justiça acarretados pelo uso da marca guaraná. Agora o grupo lançou um manifesto disponível na página do Guaraná Power.

Sítio do Superflex.
Sítio do Guaraná Power.

04 outubro 2006

se não mantenho nem aquela baixa média de atualizações é porque a vida anda me puxando para outros cantos e exigindo posturas "profissionais", nem por isso entediantes. hoje mesmo conheci Capuaba, em Vila Velha, e até entrevistei um secretário do governo estadual pelo telefone!

adrenalina!

01 outubro 2006

metalinguagem

Em A insustentável leveza do ser, Milan Kundera escreve:

"(...)Como já disse, os personagens não nascem de um corpo materno como os seres vivos, mas de uma situação, uma frase, uma metáfora que contém em embrião uma possibilidade huamana fundamental que o autor imagina não ter sido ainda descoberta ou sobre a qual nada de essencial ainda foi dito.

Mas não se costuma dizer que o autor só pode falar de si mesmo?

Olhar o pátio, impotente, e não conseguir tomar uma decisão; ouvir o ruído obstinado do próprio ventre num momento de exaltação amorosa; trair e não saber parar na estrada tão bela das traições; erguer o punho no desfile da Grande Marcha; demonstrar humor diante dos microfones escondidos pela polícia: conheci e eu mesmo vivi todas essas situações; de nenhuma delas, no entanto, saiu o personagem que eu mesmo sou no meu curriculum vitae. Os personagens de meu romance são minhas próprias possibilidades que não foram realizadas. (...) O romace não é uma confissão do autor, mas uma exploração do que é a vida humana na armadilha que se tornou o mundo."