13 maio 2009

"Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciar-vos-á as coisas que virão" (João 16:13)


Era uma figura negra, bem negra, de chinelos, boné, calça de tecido e camisa abotoada. Às 13h, quando o vi, era apenas esse, sentado no meio-fio quase na portaria do jornal. Usava óculos e tinha o semblante sereno.

Seis horas depois, era o mesmo homem do outro lado da rua, quieto como antes. O segurança não sabia o que ele fazia ali durante todo esse tempo. Perguntei o que ele queria. Vi que no boné estava escrito Senegal e ouvi palavras enroladas, uma mistura de português, francês e inglês.

Vinha anunciar o Apocalipse, ele me contou, e queria falar com alguém da televisão e que se o fim do mundo não viesse, ele morreria.

Era senegalês, morava no Brasil há quatro meses, onde chegou de avião. Seu nome era Abraão. Depois ele me apontou a palavra Espírito Santo e balbuciou algo como "justiça" (Futura sede da Justiça Federal no Espírito Santo é o que está escrito nos tapumes em frente à sede da Rede Gazeta).

Perguntei se ele estaria ali amanhã e ele não quis dizer mais nada. Pediu que eu lesse o Evangelho de São João (16:13) e o livro do profeta Ezequiel, que começa assim: "No trigésimo ano, no quinto dia do quarto mês, quando me encontrava entre os deportados, às margens do Rio Cobar, abriram-se os céus e contemplei visões divinas".

Já em João 16:8 está escrito: "E, quando ele (o Paráclito) vier, convencerá o mundo a respeito do pecado, da justiça e do juízo". Paráclito: palavra grega muitas vezes traduzida como "consolador", mas que signifca realmente auxílio, intercessor.