04 fevereiro 2006

Conhecer as pessoas é a melhor forma de gostar do lugar

Tive que voltar a Minas para me desintoxicar de mega redes de supermercado e sentir novamente o que são as mercearias da esquina. Vou contar um pouco delas.

Lá em Tiradentes a Mostra de Cinema se divide entre filmes na Tenda, armada na margem esquerda do rio que molha a cidade, filmes na Praça, onde se ouve rock ou blues vindos dos bares ao redor, oficinas espalhadas por aí, e debates no Centro Cultural, edifício charmoso com sala de imprensa, auditório, café, escada larga com sombras de arvóres e uma mercearia bem em frente.

Um sobrado antigo, duas portas altas de madeira, uma mesinha de bar, balcão, freezer, estufa, prateleiras com secos e molhados, enlatados e engarrafados, muitas pelas paredes, uma mesa de madeira com gavetas e atrás o dono, seu Bizuca.

Comprar ali é ser presenteado com uma prosa rica. Peça uma cerveja no ensolarado sábado a tarde ou compre uma garrafa de vinho tinto seco e um queijo minas na noite de domingo e seu Bizuca irá contar um pouco da sua história e da vida da cidade, ou de como os vinhos secos são melhores do que os suaves. Ele ainda fala da sua pousada, se orgulha da tranqüilidade de Tiradentes e recomenda as cachoeiras dos distritos próximo. O queijo é feito num sítio perto, ele está ali há uns 30 anos e os dias de carnaval dão muita confusão.

Tudo bem, seu Bizuca. Não virei no carnaval. Melhor aparecer uns dias antes, durante a Mostra!